Ao som dos tambores, que entoaram o toque para Exu, foi iniciada a sessão especial Dia da África: Diálogo entre as Casas Africanas na Bahia e Comunidade Baiana, que ocorreu na tarde de ontem, na Assembleia Legislativa. O plenário da AL, adornado com características singulares da cultura africana, abrigou grande plateia, estando presente representantes de terreiros de candomblé e umbanda, parlamentares, artistas, intelectuais e demais autoridades. O presidente da Assembleia, deputado Marcelo Nilo (PDT), abriu os trabalhos e passou a palavra para o proponente da sessão, deputado Bira Corôa (PT), que presidiu a solenidade.
A Mesa de Honra foi composta por personalidades brasileiras e africanas. Dentre essas, o adido cultural adjunto e diretor da Casa de Angola, Camilo Afonso, e o diretor da Casa da Nigéria, Oyewo Mojeed Oyebamiji. Ambos explanaram sobre os países africanos e sua sincronicidade com o Brasil. “A Luanda que existe hoje é o resultado de dez anos de paz. O Brasil foi o primeiro país a reconhecer a nossa independência. Existe muitos elementos que nos une”, disse Camilo, numa referência ao vídeo exibido que mostra o progresso da capital de Angola.
Para Oyewo, os 60 milhões de brasileiros e brasileiras que se declaram afrodescendentes, por si só, justifica a parceria entre os dois países, com o objetivo de promover a cultura africana e a igualdade racial. Ao lado do major Paulo Peixoto, conselheiro da Nafropm-BA, que no ato representava o comandante-geral da PM baiana, coronel Alfredo Castro e o subcomandante-geral Eleutério, estava o aspirante médico Marcos Alves, representando o comandante da Base Aérea de Salvador, coronel Maurício Sampaio, além do presidente do Conselho Estadual de Cultura, Márcio Caires, e do professor e apresentador do programa educativo da TV Brasil e TVE Aprovado, Jorge Portugal.
CÂNTICOS
O ponto alto da sessão foi a homenagem ao Ogan Alabê, aquele que é responsável pelos cânticos e toque dos atabaques em uma função religiosa no candomblé, Erenilton Bispo, um dos últimos alabês vivos da sua geração. Para Bira Corôa, a sessão especial reservou um espaço para demonstrar o reconhecimento da Bahia “pela dedicação, prova de fé e compromisso com nosso povo e nossa religiosidade”. Erenilton também recebeu o aguidavi de ouro, concedido pela Universidade Federal da Bahia por tudo o que realizou pela religião africana no Estado. Os trabalhos foram encerrados como preconizaram as palavras da Yakekerê Sandra – “num terreiro de candomblé é sempre tempo de ensinar e aprender”–, ao toque para Omulu e, com a exuberância do grupo de dança do Terreiro Ilê Axé Oxum Maré, a Casa do Povo presenciou o Ritual de Aguidavi, no qual o Ogan Alabê Erenilton passou o aguidavi de prata para o Ogan Valnei, mantendo viva a tradição através das gerações.
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