O que é?

A Pedagogia Griô é uma pedagogia criada pela educadora Lillian Pacheco,a partir da sua prática pedagógica no Grãos de Luz e Griô, Lençóis Bahia. Oferece uma iniciação pedagógica da escola e de griôs aprendizes para integrar mito, arte, ciência, história de vida e todos os saberes e fazeres tradicionais da comunidade. Coloca como centro do saber a vida, a identidade e a ancestralidade dos estudantes. A vivência, a oralidade e a corporeidade são referências do processo de elaboração do conhecimento; e os griôs e mestres protagonistas na educação da comunidade.
Tem como referências pedagógicas – educadores e pesquisadores brasileiros da educação biocêntrica, da teoria de Paulo Freire, da educação para as relações étnico raciais positivas, e dissertações acadêmicas que já versam sobre a própria pedagogia griô.

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“Quando o Grãos de Luz e Griô propôs à Secretaria de Educação de Lençóis o Projeto Griô para formação de educadores municipais, com um velho contador e cantador de histórias de tradição oral, chegando de surpresa nas comunidades e escolas, uma funcionária da secretaria perguntou: Mas como fica a rotina de planejamento do professor ?

Essa pergunta simboliza uma resistência de representantes do sistema de ensino a um planejamento que inclui a criatividade da vida transformando de surpresa a rotina. Simboliza também a valorização de uma metodologia de planejamento certamente diferente da proposta pelo Grãos de Luz e Griô.

Na maior parte do tempo, nas escolas nos vemos sentados de costas uns para os outros, em filas, sirenes de polícia chamando para a merenda, cores sem vitalidade, livros sem heróis de nossa cultura, sem arte e significado da vida; a imobilidade de horas sentados nas cadeiras com a caneta em punho ouvindo monólogos de sobrevôo sobre uma realidade abstrata e estranha; nomes chamados para registros de presenças em cadernetas com notas que não falam da identidade de ninguém, em grupos por idade, por sexo, estereotipados e estigmatizados entre quem é “o inteligente” ou ”o esforçado”, entre quem obedece e quem será bandido, subempregado ou patrão; o conhecimento quebrado em disciplinas, preso em grades curriculares, decorado entre quatro paredes, dissociado da cultura local e os saberes da comunidade folclorizados.

São com esses rituais e símbolos que boa parte das escolas pretendem ensinar a ser gente do mundo, gente do Brasil, ou somente reprodução da falta de sentido de viver, da doença humana institucionalizada.

Como artistas do invisível, reinventou-se o griô africano, convidando a comunidade e escola para a roda da vida, um ritual onde passado e futuro se encontram no presente pleno de aprendizagem, contando mitos e símbolos que existem no inconsciente coletivo de nossas raízes afrobrasileiras.

Velhos, estudantes, educadores e lideranças vivem o desafio de dançar no centro da roda, do mundo e de sua própria identidade, jogando seu verso e sua história, e a partir daí ressignificar a vida e o currículo de educação municipal.

O registro e a pesquisa acontecem através de um gravador mais potente – a memória reflexiva e vivencial, através de um diálogo rítmico, melódico e comovido inspirado na educação biocêntrica e nos próprios mestres de tradição oral.”
Líllian Pacheco, Pedagogia Griô: a reinvenção da roda da vida, edição Grãos de Luz e Griô, Lençóis BA, 2006.

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