Flávia Villela – Agência Brasil
Rio de Janeiro – Representantes de dezenas de pontos de cultura do país reuniram-se hoje (20) no campus da Praia Vermelha da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), zona sul, para o lançamento do Laboratório de Políticas Culturais – Universidade Griô Campus Rio. Os griôs são pessoas detentoras das histórias de um povo, repassadas oralmente por meio das gerações.
O projeto foi desenvolvido pela Rede Ação Griô e a Escola de Comunicação da UFRJ (ECO), Campus Rio. A gestão será compartilhada entre a academia e os movimentos sociais para elaborar, programar e implementar políticas públicas para cultura no Brasil. O laboratório será mantido com orçamento de R$ 800 mil do Ministério da Educação.
Para um dos organizadores do evento e coordenador do projeto, Alexandre Santini, a inauguração do laboratório é uma conquista da sociedade civil organizada e demonstra que é possível interligar o saber tradicional oral e o acadêmico de forma rica e criativa.
“A sociedade civil não é apenas uma receptora das políticas públicas e nesse laboratório a sociedade concebe, propõe experiências de gestão da política cultural. O projeto vai ter várias linhas de ação e vai possibilitar a mediação entre a tradição oral e a educação formal”.
Santini explicou que a internet será uma grande ferramenta na potencialização da tradição oral, por meio das redes sociais, blogues e das novas tecnologias.
A diretora da ECO, Ivana Bentes, acredita que a vinda para a universidade vai dar visibilidade à educação oral, hoje pouco reconhecida pelo mundo acadêmico, que prioriza a cultura letrada. “O mestre griô pode ensinar sobre ervas, saúde, tempo, meio ambiente, ou seja, produz um conhecimento que não tem visibilidade, mas temos que reconhecer que o mestre com mestrado ou o doutor e o mestre da tradição oral têm o mesmo valor e excelência na produção do conhecimento”.
A deputada federal Jandira Feghali (PcdoB/RJ), presidente da Frente Parlamentar de Cultura do Congresso Nacional e autora da emenda parlamentar que viabilizou o projeto diz que “essa educação chamada informal, uma pedagogia da tradição oral não sistematizada em livro didático, mas que tem um método pedagógico próprio que é a cultura tradicional nossa, vai poder entrar na universidade por meio do laboratório”.
Jandira também é autora do Projeto de Lei 1786/2011, conhecido como Lei Griô, que visa instituir uma política de transmissão dos saberes e fazeres de tradição oral em diálogo com a educação formal, por meio do reconhecimento político, econômico e sociocultural dos (as) griôs e mestres (as) de tradição oral do Brasil. A Lei Griô tramita atualmente na Comissão de Educação e Cultura da Câmara dos Deputados e aguarda parecer da relatora Mara Gabrilli (PSDB-SP).
A Rede Ação Griô reúne 100 mil estudantes, griôs, mestres, pontos de cultura e comunidades na valorização da cultura de tradição oral em diálogo com a educação formal. Ela foi criada como política pública em 2006 pelo Ponto de Cultura Grãos de Luz e Griô, da cidade de Lençóis (BA) em parceria com o Programa Cultura Viva, da Secretaria de Cidadania e Diversidade Cultural do Ministério da Cultura.
Edição : Fábio Massalli
Crédito foto:Fabio Pozzebom
Direitos autorais: Creative Commons – CC BY 3.0
Publicado originalmente em: http://www.ebc.com.br/2012/10/laboratorio-de-politicas-culturais-quer-integrar-tradicao-oral-e-conhecimento-academico
Não observei se deram os créditos da foto como também mencionar o nome de um dos melhores repentistas e cordelista desse Brasil nascido na Bahia Mestre (griô) Bule-Bule, filho do município de Antonio Cardoso. Parabéns pela preposta.
Paz e música,
Mestre Asa Filho – http://www.orcare.org.br
Faço votos que a partir de então, um projeto como este da Universidade Griô/UFRJ, consiga, dentre suas demais propostas e objetivos, também conseguir oferecer formação adequada em Gestão Cultural e Produção Cultural, on line, grautita e à distância para todos os empreendedores culturais que dependem de recursos para menter suas atividades prioritariamente artístico culturais, ou seja, aqueles que tentam sobreviver da cultura e que são seus portadores e executores. Muita cultura no interior deste país está se perdendo, primiero, pela desinformação pelo fato dos empreendedores culturais sequer saberem que podem contar com incentivos financeiros através do MinC e demais órgãos a ele conveniados e, segundo, porque alguns até sabem que há esta possibilidade, no entanto, não fazem a menor idéia por onde começar a montar um projeto a ser submetido à apreciação e aprovação eficiente e eficaz, ou seja, que realmente consiga fazer com que os recursos financeiros realmente cheguem a quem os pleiteiam. Os Griôs e demais mestres de tradição oral, dos mais diversos seguimentos e manifestações culturais em sua maioria são pessoas simples e com enorme dificuldade em lidar com estas questões burocráticas, leis, editais e etc, e encontrar Gestores Culturais dispostos a abraçar suas causas não é tarefa fácil, de modo que, resta a eles mesmos aprenderem como serem seus próprios Gestores e Produtores, o que permitiria maior independência e também propiciaria salvar a cultura de que são natural e legitimamente portadores, principalmente aqueles isolados nos mais diversos interiores desse país. Como é o meu caso em particular. Se conhecer algum(a) Gestor(a) Cultural ou Produtor(a) Cultural que esteja disposto(a) a ajudar este Mestre Griô que ora vos escreve, não se façam de rogados em contactá-lo, porque ele e a cultura e manifestação cultural que ele representa e exerce pede SOCORRO. Abraço e Parabéns por mais este passo dado.