Os Em cantos de Itapuã
O bairro da Pedra que ronca.
Muitas lendas sobre a o bairro de Itapuã.
A Lagoa do abete é uma lagoa encantada de águas escuras e areias alvas. Diz à lenda que uma índia ia se casar e no dia do casamento o índio não apareceu. A índia ficou a esperar o noivo para a festa, mas o índio havia sumido como que por encanto, A índia ficou a chorar e foram tantas as suas lágrimas, que deram para formar a lagoa e com seu véu de noiva, formaram-se as dunas do Abaeté.
Outra versão da história narra que Abaeté era um índio, que depois foi transformado em um boto pela sereia, cheia de ciúmes. De acordo com a lenda, ele ainda vive triste, vagando pelas profundezas. Esta é uma versão bem popular de uma das lendas da lagoa.
A Lagoa do Abaeté é a morada de Iemanjá e outros preferem dizer que, antes da lagoa, havia um rio que corria entre as matas, onde Iemanjá havia fundado o seu reino. Em terra reinava o índio Abaeté, nas águas dominava a Iara.
Para Mestre Coroa Pescador antigo da Comunidade. A lagoa do Abaeté é Morada da Sereia Negra, que aparecia para os pescadores, encantando os homens com seu canto negro.
“Abaeté” significa, em Tupi, “homem verdadeiro”
O Bloco Afro Malê Debalê, foi criado em 23 de março de 1979 por um grupo de moradores que almejavam ver o bairro de Itapuã representado no carnaval baiano, é um modelo histórico que representa a força da identidade negra do bairro.
Faz referência aos escravos africanos das etnias hauçá e nagô, de religião islâmica e responsáveis pela Revolta dos Malês em 1835, que escolheram o Abaeté como principal refúgio na cidade.
Na história do pan-africanismo contemporâneo, inúmeras expressões de insurgência negra se difundiram por todo continente americano, e em especial na Bahia, O atual bairro de Itapuã, por exemplo, berço do Grupo Cultural Malê, foi palco de inúmeros levantes negros, desde o temido Quilombo do Buraco do Tatu (1744 – 1764), até as revoltas de1807 a 1814 promovidas por negros pescadores escravizados. Contudo, sem sombra de dúvidas, a mais célebre revolta escrava nas ruas de Salvador, aconteceu em 25 de janeiro de 1835, episódio que ficou conhecido como a Revolta dos Malês, que violentamente reprimida, consagrou à história da luta negra baiana nomes como: Ojô, Luiza Mahin, Capitão Sule, Pacífico Licutã, Dandára, entre outros. Portanto, o nome do bloco é uma intencional homenagem aos Malês, negros muçulmanos, que lutaram contra o processo de escravidão, representando na Bahia, uma resistência ativa. Assim, o Malê, como afro-descendente, tem na história dos Malês, um mito de referência. Considera uma missão, não apenas contá-la, mas, principalmente, se tornar um exemplo dessa história, seguindo e interferindo na cultura baiana com a mesma postura de resistência à dominação de seus ancestrais.
A Banda Malê Afro Beat: tem na sua formação rítmica a base os tambores, que extraem uma sonoridade própria, fruto de pesquisa da música africana, caribenha e do talento dos mestres populares, aprendizes da música dos guetos e ruas de Salvador. A aprendizagem popular dá a Banda Malê Afro Beat, o swingue das ruas, do povo negro. Junto a estes elementos soma-se a ousadia de jovens que buscam o som do coração, da alma ancestral africana tirando de cada instrumento percussivo o imaginário. O rufar dos tambores, soam como a batida sincopada do coração. O Malê tem na dança e na música um elo forte com a tradição cultural herdada da cultura afro, mesclada com o viver popular e o mental coletivo contemporâneo de sua comunidade litorâneo. Soma, em média, 4.000 integrantes. A bateria, totalmente acústica, é composta de 150 percussionistas e quatro maestros. Atualmente contamos com 19 alas de dança, num total de 1.500 dançarinos, o que nos autorizou receber, do Jornal New York Times, o título de “O maior Ballet afro do mundo”. Nossa fantasia é assinada pelo renomado artista plástico e arte-educador Ives Quaglia.
A Escola Municipal Malê DeBalê é uma parceria com a Secretária Municipal de Educação e Cultura de Salvador (SMEC), o bloco afro Malê Debalê fundou, em março de 2006, a Escola Municipal Malê Debalê. O projeto pedagógico proposto pelo Malê Debalê se volta para a introdução de forma didática, dos elementos encontrados e desenvolvidos nas quadras dos blocos afros na cidade do Salvador, e em especial o saber elaborado pelo Bloco Afro MALÊ DEBALÊ, ao longo dos seus 30 anos de existência. A dança, a percussão, o teatro e a expressão corporal passam então de meros elementos “recreativos” ou na maioria das vezes, com o aspecto meramente folclórico e exótico, e assumem o papel de protagonistas dos saberes e conteúdos essenciais para o empoderamento das crianças negras em sala de aula. Subjetivamente, a ação estimulante para a elevação da auto-estima, do aumento de sua capacidade de analisar e criticar seu próprio contexto cotidiano será produtos provocados a partir do entendimento que a dança, a musica e a expressão corporal advinda da matriz africana que deve ser encarada como instrumentos pedagógicos capazes de tais efeitos. Ao educador, caberá o desafio em perceber a dimensão potencializadora de tais instrumentos em seu cotidiano escolar.
Na cultura negra, o conhecimento é uma herança transmitida pelos ancestrais esse saber é latente em cada indivíduo como uma potência viva e geradora. A história africana, ao invés de privilegiar a escrita, como resultado de um relato da realidade, valorizou o testemunho oral, transmitido de geração a geração, conseqüentemente produzindo uma, memória coletiva mais desenvolvida
Esta noção de tradição oral se distingue da noção ocidental que se limita a estórias, lendas ou relatos mitológicos. Ao contrário a tradição oral, é a grande escola da vida, relacionando, recuperando e revelando a cultura vivida a cada momento nos mais diferentes campos das atividades humanas como a religião, a ciência, as artes, o trabalho, a família e o lazer, dentre outros. Cada detalhe é importante, pois permite remontar à unidade que representa o homem. Nesse sentido, a tradição oral, baseada na iniciação e na experiência, contribui para particularizar um tipo especial de homem, pois se fundamenta na sua prática e no seu comportamento cotidiano em comunidade. Pode-se considerar, a partir dessa lógica, que a fundamental diferença entre a educação ocidental moderna e a tradição oral está no fato de que aquilo que se aprende na escola, com formato ocidental, por mais útil que seja, nem sempre é vivido, enquanto o conhecimento herdado da tradição oral está preso na experiência vivenciada e na prática cotidiana, por isso mesmo formadora e geradora de um homem peculiar com uma sabedoria construída pelo seu fazer, dia após dia, informado pelo conhecimento das gerações passadas.
Música Dunas de Areia
Sandoval Silva, Roberto Cruz e Juca Maneiro
Pode balançar o corpo
Se envolver se da de coração
Toda vez é assim
Quando chega o Malê Tem jeito não.
Os olhos enchem de lágrimas
O corpo se arrepia
Não dá pra controlar.
A emoção contagia
Os olhos enchem de lágrimas
O corpo se arrepia
Não dá pra controlar
Malê DeBalê Poesia.
Dunas De Areia
Abaeté Lagoa
Dunas De Areia
Abaeté Lagoa
Venha se banhar De felicidade
Em Itapuã Passar uma tarde
Vê o por do Sol E o luar nascer
Embalar no som do Malê DeBalê.