Valorizar os conhecimentos populares, fortalecendo os elos entre tradição e modernidade, ancestralidade e tecnologia, promover a arte e a educação popular a partir de uma abordagem cultural, vivencial, criativa e colaborativa. A Casa Moringa realiza oficinas de teatro, tecnologias livres, brincadeiras populares, espetáculos teatrais entre outros projetos, em parceria com Pontos de Cultura, ONGs, Escolas Públicas e importantes griôs de Tradição Oral.
Casa Moringa é a união de educadoras, artistas, brincantes, caminhantes, contadoras, cantadoras e catadoras de histórias, músicas e brincadeiras populares. Nosso grupo nasceu da convivência com as artes e ofícios das culturas populares e o movimento de Software Livre.
Conversamos com uma das integrantes da Casa Moringa a Fabíola Resende, o resultado da conversa você confere aqui!
Como é a atuação da Casa Moringa nas comunidades/escolas?
A Casa Moringa é a união de educadoras, artistas, brincantes, caminhantes, contadoras, cantadoras e catadoras de histórias, músicas e brincadeiras populares. Nosso grupo nasceu da convivência com as artes e oficios das culturas populares e o movimento de Software Livre. Também fazemos parte de um coletivo autônomo no Mercado Sul em Taguatinga no Distrito Federal. Esse é um espaço que utilizamos para conviver com os outros fazedores de cultura do local, ensaios de teatro e nesse ano iniciaremos oficinas voltadas para educadores fazendo a ponte entre o nosso fazer de cultura popular e a educação formal. Realizamos vivências baseadas na pedagogia griô em escolas públicas do DF e entorno levando música e contação de histórias para o ambiente escolar.
Sobre o prêmio agente jovem, você poderia falar um pouco sobre como foi a seleção? E o que isso significou pra você enquanto educadora/ativista social?
O prêmio agente jovem para mim foi o reconhecimento de um trabalho que nasceu inspirado na Ação Griô Nacional, projeto que venho acompanhando desde 2006 quando o conheci em Brasília. E em 2008, por insentivo da coordenadora Lilian Pacheco criei uma figura caminhante e contadora de histórias de vida, Maria de Barro Gritadora do Tempo, e desde então tenho realizado vivências nas escolas do DF e entorno. O prêmio é uma maneira de fotalecer o trabalho, de seguir em frente na certeza de que é um caminho a trilhar especial. Parte do recurso recebido será dividido entre 8 mestres porque este reconhecimento não é somente meu é principalmente dos griôs, afinal sem a presença deles o projeto não faria sentindo.
Fale um pouco sobre o seu trabalho com a Maria de Barro:
A Maria de Barro é uma figura, que tem um figurino muito especial costurado por uma mestra daqui de Taguatinga, ela tem um modo de falar, de andar e de contar histórias, inspirada na simpliscidade do povo do interior ela conversa com estudantes e educadores assim como se fossem parentes transformando o quadrado da sala de aula em um ambiente descontraído. Maria de Barro sempre tem a companhia de Thábata e Luciana que tocam e cantam, fazendo que a vivência aconteça na íntegra. E quando possível tem um griô caminhando junto levando seus saberes e fazeres de tradição para a educação formal.
Pra você o que é ser uma griô aprendiz?
Para mim ser griô aprendiz é conviver, conhecer os griôs e contribuir para que seus saberes sejam reconhecidos, valorizados e incentivando que sempre alguém esteja aprendendo com eles para que seus saberes estejam sempre vivos de geração em geração…
Como está sendo sua experiência como professora da rede pública, tendo na bagagem a cultura dos griôs de tradição oral, quais os desafios do dia a dia, como acontece esse diálogo em sala de aula?
Por enquanto é difícil falar da experiência em sala de aula, estou apenas há 15 dias, porém pretendo fazer a ponte entre os trabalhos com a tradição e o ensino de arte. Como professora temos um cronograma a seguir, mas que incrivelmente hoje em dia já está sendo pensado de uma maneira mais interligada com a realidade que os estudantes vivem o que me ajuda muito. Quero conseguir levar arte, fazer com que estes estudantes conheçam a diversidade cultural de nosso país, quero que cada um e cada uma deles se sintam pessoas criativas capazes de produzir, pensar e conhecer arte a partir da realidade de cada um. Como todos sabemos o trabalho em sala de aula é desafiador, temos dezenas de estudantes em poucos metros quadrados, cada um com o sua maneira de viver o mundo, além do mais o trabalho em uma escola de periferia com estudantes de aceleração, todos com histórias de vidas muito sofridas, com uma grande vulnerabilidade ao uso de drogas e por hora tudo que tenho feito é dialogado com eles, me aproximando de uma maneira amigável fazendo que eles confiem no meu trabalho e sintam prazer em realizar as atividades propostas.
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