Uma roda, uma saudação às nossas tradições, um sentimento vivido e uma primeira questão proposta por um jovem: porque a roda é HORIZONTAL ?

 

Facilitada pelo educador Márcio Caires, este foi o ponto de partida da vivência da Oficina Cine Grãos pra trabalhar com os jovens o momento político do Brasil gerado pelos movimentos de rua.
O primeiro mestre inspirador: Paulo Freire. Uma bela roda de conversa sobre o formato vertical da nossa educação e a proposição de educação pela roda, a horizontalidade. Em relação ao modelo vertical, foi discutida a “educação bancária”, termo utilizado por Paulo Freire pra fazer uma relação vertical entre o educador e educando. O Educador, sendo o que possui todo o saber, é o sujeito da aprendizagem, aquele que deposita o conhecimento. O educando, então, é o objeto que recebe o conhecimento. A educação vista por essa ótica tem como meta, intencional ou não, a formação de indivíduos acomodados, não questionadores e submetidos à estrutura do poder vigente.
Aberta a roda com a sua simbologia, os jovens foram estimulados e propuseram uma música pra ser cantada em coro: Que país é esse ?, escrita pelo músico Renato Russo.

 

Ainda com as ondas sonoras nos corpos e com o sentimento irreverente e ousado do grupo Legião Urbana, os jovens foram convidados pelo facilitador e historiador Luiz Chaves pra se relacionarem com um mestre conterrâneo, nascido na Chapada Diamantina: o geógrafo Milton Santos. O documentário “Encontro com Milton Santos – o mundo global visto do lado de cá”, do cineasta Silvio Tendler, promoveu um grande mergulho dos jovens no tema da globalização com base no pensamento do geógrafo Milton Santos, que, por suas idéias e práticas, inspira o diálogo sobre a sociedade brasileira e a construção de um novo mundo. O filme discute os movimentos sociais da década de 60 e 70, quando o planeta foi confrontado com temas da preservação do meio ambiente, tecnologia, pobreza, corrupção, mídia, centralização da renda e outros.

Já de início os jovens depararam-se com os termos Globalização e marxismo. No primeiro intervalo de conversa, o jovem Élison disse queMarxismo sempre lhe soava como uma coisa ruim. Luiz explicou do que se tratava o termo contextualizando-lhe à história e como criaram um negativismo ao termo. Alguns jovens explicaram um pouco do que compreendiam como Globalização. Os jovens perceberam como funciona o jogo das multinacionais, lembrando que em Lençóis a água é controlada por espanhóis e, de forma súbita e inexplicável, a água da muritiba (de origem mineral e livre aos moradores) desapareceu sem nenhuma justificativa.

 

Na parada seguinte Márcio sugeriu que os jovens escrevessem um pouco do que já haviam compreendido, formatando um parágrafo para a elaboração de uma redação, como aprendizagem e preparação para o exame do Enem.

 

As passeatas que explodiram em todo o Brasil desde o mês passado chamou bastante a atenção dos jovens do Grãos de Luz e Griô, sendo sugerida a apresentação de uma série de filmes (na sessão de cinema das sextas feiras) que venham a ajudar no entendimento desses fatos, que vai envolver o tema do Cine Grãos durante um mês de trabalho.

 

Os jovens fecharam as atividades do dia em roda novamente cantando: Que país é esse ?